quinta-feira, 17 de março de 2011

Carnaval de Corumbá – Melhor do Centro-Oeste






O Carnaval corumbaense é considerado o melhor do Centro-Oeste brasileiro. A festa popular atinge todos os públicos e recebe influências de diversas regiões do país. Do Rio de Janeiro graças a presença constante de militares da Marinha, herdamos o gosto e a tradição por desfile de rua. Não é a toa que nossas escolas de samba são inspiradas nas grandes agremiações cariocas, sempre inovando e trazendo o glamour dos desfiles do Rio. Aqui temos sete escolas de samba sendo que as mais tradicionais são: a Império do Morro, diversas vezes campeã do carnaval, a Vila Mamona. As demais são: a Mocidade Independente de Nova Corumbá, a Unidades da Major Gama, Marquês de Sapucaí, Caprichosos de Corumbá e a Pesada. Os Blocos Oficiais também fazem a alegria do povo. O Clube dos Sem, o Flor de Abacate, Arthur Marinho, Olodum e outros desfilam no sábado de carnaval e atraem uma multidão a Avenida General Rondon.

Da Bahia vieram os blocos independentes que reúnem grande número de foliões que desfilam atrás do trio-elétrico nas cinco noites de carnaval: Bloco Afoga o Ganso, Biriguis, Guerreiros Unidos por uma Garrafa e Fúria Independente.


Outra peculiaridade local é o Carnaval Cultural, com o desfile dos Corsos, Bloco de Frevo, Ala das Pastoras, Bloco dos Palhaços, Bloco dos Marinheiros e dos cordões carnavalescos Flor de Corumbá, Paraíso dos Foliões, Cinelândia e Cravo Vermelho. O “Carnaval Cultural” resgata parte importante da cultura e da história do povo corumbaense.

As apresentações remetem ao passado, relembrando os antigos carnavais da Capital do Pantanal nas primeiras décadas do século passado. Não há disputa por título. Os foliões ganham a Avenida General Rondon pelo simples prazer de brincar e dançar ao som do frevo e das marchinhas. As Pastoras eram personagens centrais dos antigos ranchos e cordões que, segundo a tradição, eram detentoras de segredos passados pelos mestres músicos ao longo dos desfiles carnavalescos de Corumbá. Já o Bloco dos Palhaços traz de volta o brilho das festas à fantasia. Arlequins, Pierrôs e Colombinas revivem, no desfile na passarela do samba, o triângulo amoroso que protagonizam ao longo do tempo.

Patrimônio Histórico Nacional



Corumbá nasceu de uma necessidade estratégica de ocupação da margem direita do Rio Paraguai, que estava sendo ameaçada pelos espanhóis do Prata. Antes de Corumbá, nasceu o Forte Coimbra, em 1775 e, o arraial, surgiu como um presídio, assim como Coimbra, em ponto estratégico para conter o avanço espanhol e dos índios paiaguás e guaicurus. A povoação de Albuquerque foi descrita por Ricardo Franco de Almeida Serra, em 1786, como um lugar de grande pátio retangular, fechado, com casas em roda e um portão frontal, com 200 pessoas residentes. Recentemente o professor Nestor Goulart Reis publicou o livro Imagens de Vilas e Cidades do Brasil Colonial, onde podemos ver duas plantas – uma de 1797, da Mapoteca do Itamaraty, e a outra de 1790, do Museu Bocage em Lisboa, além de uma vista em perspectiva de Corumbá de 1790.

Posto avançado da Capitania e, assim, lentamente foi se transformando em povoado para, em 1800, ser destruída por um violento incêndio, onde sobrou apenas uma capela. Por volta de 1870, com o fim da Guerra do Paraguai, Corumbá tornou-se muito importante para o desenvolvimento brasileiro e para a ocupação das fronteiras, quando o governo imperial concedeu isenções tributárias para importação e exportação de mercadorias pelo seu porto e é nesse momento que Corumbá vai ter seus dias de glória em termos socioeconômico e cultural-arquitetônico.

Foi através do Porto de Corumbá que chegou a riqueza, o progresso, os migrantes, o desenvolvimento e a cultura, principalmente da Europa e do Rio de Janeiro. O contato com a capital do Brasil, via Rio Paraguai e Bacia do Prata, através de embarcações modernas, trouxe para Corumbá uma certa condição especial de cidade, seja através da importação de bens e serviços ou através de intensa integração cultural.

Na história econômica do oeste, Corumbá tem destaque quando seu porto que já foi considerado o segundo mais importante do Brasil, era pujante; na história cultural, além das tradições pantaneiras, abrigou, no passado, o Bijou Theatro, onde operetas francesas depois de desfilarem no Rio iam para Corumbá, entre outros pioneirismos.

Mas com a chegada da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, em 1914, ao sul de Mato Grosso, Corumbá perdeu sua importância, pois os trilhos pararam no Rio Paraguai, na localidade de Porto Esperança e a cidade perdeu seu contato com a modernidade, até o final dos anos 40, quando a ferrovia se interliga com a cidade. A modernidade, que muitas vezes tenta destruir a história, a cultura e principalmente a arquitetura, no caso de Corumbá, chegou com menor intensidade e assim, ainda existem diversos edifícios que atestam o vigor cultural existente na cidade no final do século XIX e início do século XX, embora os exemplares do período colonial inexistam, pois foram destruídos pelo fogo em 1800.

O interesse pela cultura também sempre foi um ponto forte da cidade de Corumbá, devido a grande miscigenação de povos em sua formação.Mantendo sua aptidão natural, Corumbá vem se consolidando como cidade cultural, realizadora de grandes eventos turísticos culturais.Da época de grande prosperidade, Corumbá guarda preciosos registros históricos e arquitetônicos dos seus belos casarões e sobrados em estilo europeu tombados pelo Patrimônio Histórico Nacional.

O que se vê hoje é um conjunto arquitetônico construído no auge do ecletismo, com mais de 200 edifícios preservados, edificados por construtores italianos e portugueses, uns vindo do Rio de Janeiro e alguns até de Buenos Aires. O Casario do Porto e respectivo entorno, um conjunto arquitetônico localizado na cidade baixa, tombado como patrimônio histórico federal, foi contemplada com o Programa Monumenta do Ministério da Cultura.

Corumbá é a cidade das calçadas sem árvores – elas ocupam parte do passeio do automóvel criando um interessante cenário urbano –, do imenso calor pantaneiro, com temperaturas no verão de 40º, de casarões intactos,das ruas de paralelepípedos, das belas portas de Manoel Barros, o maior poeta brasileiro vivo, do artista plástico Jorapimo e de tantas outras manifestações.